sexta-feira, 6 de janeiro de 2017

Poesia porcaria se joga fora sequer em qualquer lata de lixo na pior na mais ordinária naquela de dejetos vis naquela que o lixo rejeita naquela aquela você sabe bem.

sexta-feira, 24 de junho de 2016

Alfonsina

À tarde lutou pelo aborto.
À noite jantou com Gusmão: peixe espada com repollitos.

Violeta Russa

O endereço.
- Joaquim Cavalhada, 263.
O bordelzinho vagabundo da Treze de Julho chiava, abarrotado de mulheres-machos sim senhor.
O nome.
- Pedro Taranco.
Taranco?
- É pseudônimo. Homenagem ao Palácio Taranco.
O oficial havia de querer o nome certo.
- Ah, esse é Joaquim Cavalhada.
O mesmo da rua?
- Netto! Joaquim Cavalhada Netto. Só Joaquim Cavalhada é meu avô. O dono da rua.
Palácio Taranco?
- O senhor é meio sem cultura, pois? Teatro San Felipe? Sabias?
O oficial era, de fato, sem cultura.
- Pois bem, um palácio da 25 de Mayo.
O oficial era, de fato, sem cultura e, com isso, foi chamar o delegado. Era um gordo folgado comedor de alfajor água-gelada.
- É como eu disse.
A giratória do delegado rangia com tanto peso e impaciência. Para o oficial pediu ele está bêbado e este respondeu não está, já testamos.
- Bebo às quartas-feiras depois das seis. Hoje é sábado depois das oito, pois.
E o que foi, então? Pediu o delegado.
- Foi o que sempre é. Que sempre há de ter sido, naturalmente. Uma brincadeira. Inocente, veja o senhor.
O delegado quis saber por que roleta russa era inocente.
- Roleta não, violeta russa.

quinta-feira, 23 de junho de 2016

Vida

Se, um dia, estiver eu triste,
perguntem-se sobre o dia, sobre a chuva, sobre o clima.
Que jamais revelarei senão a sensaçao natural da hora,
O íntimo tem esse nome por algo,
A vida é a vida escondida.
O resto é publicidade.

Morte

Sobre a morte não digo que é boa,
e sequer que custa tanto.
Não vejo nela passagem.
Não vejo nela Páscoa nenhuma.
o que vejo é nada.
Nada como o que nos espera.

terça-feira, 23 de fevereiro de 2016

Mulheres minhas

Mulheres minhas: que em vida não amei.
Amei nenhuma não.
Senão as grandes, que nunca toquei.
As descobri já mortas.

Sê na vida

Sê na vida duas coisas: generoso e bom.
E seus versos, sem sentido e tristes, serão – quiçá – ouvidos.
Seus lábios, beijados como sua tez.
Seu sentido exportado.

Não sê como sou hoje.
Não viva como todos fazemos.
Sê generoso e bom.
E seus versos, sem sentido e tristes, serão – deus do céu – ouvidos.